“ELE
me chamou”, diz-me um jovem que está terminar o 12º ano, com um
livro na mão, sobre a vida e obra dos Franciscanos. Ele é o seu, o
meu, o Deus de todas as pessoas que acreditam. Nenhuma demonstração
ou experiência atesta a Sua existência, mas nada mais real para um
crente.
Acerca
da fé, nada há a discutir. Nada há a dizer. A sua importância é
indiscutível, somos, todos, antes de tudo o mais, aquilo em que
acreditamos. São os valores, as crenças e os costumes que nos
habitam que fazem as pessoas que somos e determinam a vida
que queremos ter. Não é pouco, convenhamos.
Tinha
combinado encontrar-se comigo para falar de filosofia, embora já
tivesse feito exame e tivesse a certeza de que ia ter positiva.
Colocou-me uma questão de lógica, sobre silogismos
hipotético-disjuntivos (a que eu não soube responder, há mais de
doze anos que não toco nessa matéria), mas percebi logo que a
conversa sobre filosofia era um pretexto, queria conversar sobre
outras coisas.
Falou de si, da sua vocação, de como tem clara a
ideia de ser padre franciscano, falou-me de todo o percurso de
formação, passando por várias cidades e até países, do extenso
caminho e da profundidade do percurso que pretende iniciar. Agora,
irá para o seminário em Chimoio, depois para o noviciado em
Portugal, a seguir para Roma, depois para a Zâmbia…
Perguntou-me
o que achava. O que ia eu achar! Obviamente que não tenho nenhuma
resposta, nenhuma opinião. "A religião é uma coisa muito
séria", comentei, apenas, para não ficar calada.
Ele continuou
a falar da certeza da sua escolha e eu pus-me a pensar na
determinação deste jovem, na sua convicção. Espero que o seu
caminho não tenha muitas pedras. Tropeçar pode fazer parte, bem
sei, mas ele merece não se desiludir.
Sem comentários:
Enviar um comentário