sábado, 7 de outubro de 2017

O jovem que queria ser padre

ELE me chamou”, diz-me um jovem que está terminar o 12º ano, com um livro na mão, sobre a vida e obra dos Franciscanos. Ele é o seu, o meu, o Deus de todas as pessoas que acreditam. Nenhuma demonstração ou experiência atesta a Sua existência, mas nada mais real para um crente.
Acerca da fé, nada há a discutir. Nada há a dizer. A sua importância é indiscutível, somos, todos, antes de tudo o mais, aquilo em que acreditamos. São os valores, as crenças e os costumes que nos habitam que fazem as pessoas que somos e determinam a vida que queremos ter. Não é pouco, convenhamos.
Tinha combinado encontrar-se comigo para falar de filosofia, embora já tivesse feito exame e tivesse a certeza de que ia ter positiva. Colocou-me uma questão de lógica, sobre silogismos hipotético-disjuntivos (a que eu não soube responder, há mais de doze anos que não toco nessa matéria), mas percebi logo que a conversa sobre filosofia era um pretexto, queria conversar sobre outras coisas. 
Falou de si, da sua vocação, de como tem clara a ideia de ser padre franciscano, falou-me de todo o percurso de formação, passando por várias cidades e até países, do extenso caminho e da profundidade do percurso que pretende iniciar. Agora, irá para o seminário em Chimoio, depois para o noviciado em Portugal, a seguir para Roma, depois para a Zâmbia…
Perguntou-me o que achava. O que ia eu achar! Obviamente que não tenho nenhuma resposta, nenhuma opinião. "A religião é uma coisa muito séria", comentei, apenas, para não ficar calada. 
Ele continuou a falar da certeza da sua escolha e eu pus-me a pensar na determinação deste jovem, na sua convicção. Espero que o seu caminho não tenha muitas pedras. Tropeçar pode fazer parte, bem sei, mas ele merece não se desiludir.


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