- Perguntei, tantas vezes, pelo meu pai. Quero saber quem é o meu pai?
-
O teu pai morreu - ouviu, tantas vezes, a mãe dizer-lhe.
-
Mas, quem é? Podes dizer-me quem é, devo ter outros irmãos, outra
família...
Uma nuvem de silêncio se espalha sobre tudo o que tenha a ver com o pai, e isso sempre a entristeceu. Só metade dela parece existir.
Uma nuvem de silêncio se espalha sobre tudo o que tenha a ver com o pai, e isso sempre a entristeceu. Só metade dela parece existir.
-
O teu pai já morreu - dizem-lhe também a avó e os tios.
-
Mas, se morreu, porque não dizem quem foi, morto ou vivo, preciso do
meu pai.
Nunca
precisara dele como agora que a mãe morreu, com aquele mal maldito que ninguém pronuncia. Nunca pensara tanto nele como agora, mas
como poderia encontrá-lo sem ajuda!
- Como imaginas o teu pai?
- Imagino-o bonito e boa pessoa. Talvez seja de Maputo ou de outra cidade e a minha mãe se tenha perdido dele, antes mesmo de eu nascer, talvez seja de uma vila à beira da estrada...
- Pode ser que a tua mãe te tenha dito a verdade.
- Sim, mas, mesmo morto, não deixa de ser o meu pai. Algo em mim me leva a não acreditar que está vivo.
Tantas perguntas!
- Como imaginas o teu pai?
- Imagino-o bonito e boa pessoa. Talvez seja de Maputo ou de outra cidade e a minha mãe se tenha perdido dele, antes mesmo de eu nascer, talvez seja de uma vila à beira da estrada...
- Pode ser que a tua mãe te tenha dito a verdade.
- Sim, mas, mesmo morto, não deixa de ser o meu pai. Algo em mim me leva a não acreditar que está vivo.
Tantas perguntas!